Fibracem Opina: Anatel não vai mais proibir operadoras de limitarem planos de internet

Na quinta-feira passada (02/06) foi anunciado pelo presidente da Anatel, João Rezende, que o órgão não vai impedir que as operadoras limitem os planos de dados.

Segundo o secretário de inclusão digital e internet do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Maximiliano Martinhão, o que ocorreu foi uma “falha de comunicação muito grande”, e que “O fundamental é que o consumidor não seja prejudicado nesse processo — abusos não serão tolerados — mas é preciso entender que o setor tem que ser rentável para que os investimentos possam ocorrer”, disse Martinhão ao site Valor Econômico.

Em outro comentário, Martinhão concorda com a afirmação de que a internet nunca foi limitada, usando o exemplo da internet discada, que era cobrada por impulsos, e destacou que os usuários aproveitavam os horários de pulsos mais baratos, de madrugada e nos finais de semana, para usarem mais a internet.

Na minha opinião essa comparação é incorreta, não podemos tomar como exemplo o que acontecia com a internet na década de 90 e início dos anos 2000. A internet e as tecnologias relacionadas avançam em ritmo galopante e se transformam totalmente em poucos anos.

A enquete que está sendo realizada pelo Senado terá os resultados divulgados para a população ao menos saber se sua opinião foi ignorada ou respeitada? Pois antes mesmo de finalizar e divulgar resultados, a Anatel aprovou a cobrança. O mais preocupante é que essa cobrança foi permitida antes mesmo de serem divulgadas as regras exigidas das operadoras, limites de preços, pacotes de dados, como seria feito o corte do serviço, etc, informações importantíssimas que não poderiam ser tratadas como secundárias.

Explicar-se usando a expressão “falta de informação muito grande” e mesmo assim não fornecer nenhuma informação adicional antes de permitir a franquia de dados na internet fixa é uma postura da Anatel difícil de ser compreendida.

Para acrescentar a discussão, listo aqui algumas dúvidas que eu tenho sobre as franquias:

  • Ao contratar um pacote de 1G de dados e consumir apenas 800MB, os 200MB restantes tornam-se créditos para o mês seguinte ou o cliente fica no prejuízo?
  • Atualmente as operadoras cobram por velocidade, mas a Anatel exige que apenas um percentual dessa velocidade seja entregue. No pacote de dados limitados essa velocidade será garantida, já que esse modelo permitiria maiores investimentos pelas operadoras?
  • Se ocorrer de eu estourar meu plano de dados, o corte será imediato? E se eu solicitar (não via internet se o serviço for suspenso) a internet será restabelecida imediatamente ou serão solicitadas as famosas 48 horas pelo sistema?

Meu posicionamento parece ser contra as operadoras e provedores de internet que afirmam que tal modelo de cobrança permitirá a melhoria do nível de serviço. Quero esclarecer que não sou contra a discussão e até a aprovação desse modelo, o que me deixa insatisfeita é a falta de detalhamento das propostas e a possibilidade de que o consumidor saia perdendo – que se torne um modelo onde os clientes são excessivamente cobrados. Os negócios se sustentarão se quase ninguém puder pagar pelos pacotes de internet.

É possível que as empresas aceitem pagar mais caro pela internet pois não haverá alternativa, mas e os consumidores residências, especialmente de baixa renda? Voltaremos a usar internet em Lan Houses? Compraremos cartões de acesso, no estilo celular pré-pago? São tantas dúvidas e nenhuma resposta da agencia reguladora, espero que em breve haja esclarecimentos à sociedade.

Carina Bitencourt  – Diretora de marketing e qualidade da Fibracem

Fonte: TECMUNDO